Por Psicóloga Solange Pereira CRP 12/00962

(parte integrante do trabalho de Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde –
O Florescimento do Psicólogo na Clínica particular: necessidades práticas e emocionais, 2022).

 

A Psicologia Positiva é a área da psicologia que estuda os fundamentos psicológicos do bem-estar e da felicidade, bem como os pontos fortes e virtudes humanas (SELIGMAN, 2011). É composta por três pilares essenciais, que se referem aos três níveis de atuação da psicologia positiva:

1) o nível básico ou subjetivo, que diz respeito ao estudo dos elementos da felicidade, bem-estar e outros construtos relacionados;
2) o nível individual, que diz respeito a traços e características individuais positivas; 
3) o nível grupal, que se refere a virtudes cívicas e instituições com características e traços de funcionamento positivos, que induzem os indivíduos à felicidade (PUREZA et. al., 2012).

Neste aspecto, a psicologia positiva estuda os estados afetivos e as virtudes positivas, como a felicidade, a resiliência, o otimismo e a gratidão. O foco são as experiências positivas que se entende que possam contribuir para a promoção de saúde e enfrentamento das doenças (CALVETTI, MULLER & NUNES, 2007).

Seligman (2009), afirma que a Psicologia Positiva se apresenta por 5 princípios, descritos por:

1) Emoções positivas;
2) Engajamento;
3) Relacionamentos;
4) Sentido;
5) Realização.

Esses princípios são apresentados como norteadores do alcance da Psicologia Positiva no processo terapêutico e em outros ambientes (organizações, comunidades, etc).

Os estudos da Psicologia Positiva, tem a pretensão de investigar o que está por trás do bem-estar ou da felicidade, focando em aspectos positivos da existência humana. Usando métodos científicos para evidenciar os aspectos positivos que prega o que se chama a tríade da felicidade: a busca por uma vida prazerosa, vida engajada e vida significativa (CALVETTI, MULLER & NUNES, 2007).

A Psicologia Positiva, foca no funcionamento positivo dos aspectos da personalidade, no bem-estar subjetivo, por entender que as emoções e sentimentos, assumem uma posição central na forma como as pessoas interpretam e reagem às circunstâncias do meio. Portanto, a Psicologia Positiva pretende ocupar espaço no meio científico como uma disciplina baseada em evidências, propondo intervenções que melhorem a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas. A esse respeito, pode-se dizer que a Psicologia Positiva é considerada a ciência que estuda os aspectos positivos da vida humana e seu impacto no equilíbrio das pessoas (COGO, 2011).

A psicologia positiva não ignora as dificuldades, mas dá mais atenção às questões positivas, como qualidades e habilidades, para identificar fatores que promovem a qualidade de vida, felicidade e bem-estar de indivíduos e grupos e organizações (SELIGMAN & CSIKSZENTMIHALYI, 2000).

A Psicologia Positiva, sintoniza com o conceito de saúde e bem-estar subjetivo, da WHO (2021), elaborado em 1946. A Organização Mundial da Saúde introduz o modelo biopsicossocial para compreensão do conceito de saúde, contrapondo-se ao modelo biomédico vigente da época e ampliando este conceito para englobar também aspectos relacionados à qualidade de vida (CALVETTI, MULLER & NUNES, 2007).

De acordo com Rashid e Seligman (2019), o tratamento na Psicologia Positiva visa ao fortalecimento de aspectos saudáveis e positivos que o indivíduo apresenta, buscando um (re) construir de virtudes e forças pessoais. Assim, a ajuda ao indivíduo foca na sua busca para que encontre recursos ainda não explorados que facilitem o processo de mudança positiva.

Essa orientação positiva da terapia reconhece que os traços positivos e os comportamentos adaptativos são considerados como fatores protetores de situações estressantes e dificuldades futuras. Desse modo, ao tomar conhecimento dos aspectos positivos, o indivíduo amplia sua capacidade de lidar com eventos difíceis, tornando-se, pois, agente ativo na superação de situações vulneráveis e de riscos (PUREZA, et.al, 2012).